Natal!...O trigo na Azenha,
Água correndo a cantar!...A lareira pede lenha,
Fagulhas brincam no ar.
Natal! Ah! Saudade minha!...
Cantiga do coração!...A teleiga de farinha
Amassa a estriga do pão.
Na sombra que envolve a terra,
Outeiros acendem lume.
Do braçal que se descerra
Chegam vagas de perfume.
À janela, erguem-se vozes...
- “Pastores ternos, quem
sois?...”.Meninos voam às nozes;
Quanta alegria depois!...
Na sala que se alvoroça,
Surge um velho sem ninguém.
Diz o dono: “A casa é vossa
E a mesa é vossa também...”“.
Provida e grande candeia
Faz luz sob o teto morno:Espalha-se em toda a aldeia
O alegre cheiro de forno.
Há canções claras e puras,
Nas sabes tintas de breu:- “Glória ao Senhor nas Alturas!...
Hosanas!... Jesus nasceu!...”“.
Um mocho pia de leve
No velho beiral vizinho...Não sei se é chuva ou se é neve
Que o vento lança ao caminho!...
Meia-noite!... Dons supremos!...
Calam-se os próprios lebréus.Roga a avozinha: - “Louvemos!...
Pai nosso que estás nos Céus!...””.
Soluços da alma contente...
Doce visão do Natal!...Deus vos salve eternamente,
Lembranças de Portugal!
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos
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