31 de dez. de 2013

JESUS

Espírito: MARTA.


 
Jesus foi na Terra
a mais perfeita encarnação do Amor Divino.
E ainda hoje,
nos dias amargurados que transcorrem,
é para a Humanidade
a promessa de Paz,
o manto protetor
que abriga os aflitos e os infelizes,
o pão que sacia os esfomeados das verdades eternas,
a fonte que desaltera todos os sofredores.

 
Apegai-vos a Ele, cheio de confiança!
Ele é misericórdia personificada,
o Jardineiro Bendito
que jorra, no coração
dos transviados do caminho do bem,
as sementes do arrependimento
que hão de florir na Regeneração
e frutificar na perfeita felicidade espiritual.

 
Ouvi a sua voz
no silêncio da consciência que vos fala
do cumprimento austero
de todos os deveres cristãos,
e um dia
descansareis reunidos,
ligados pelos liames inquebrantáveis
da fraternidade além da morte,
à sombra da árvore luminosa
das boas ações que praticastes,
longe das lágrimas
do orbe obscuro,

Dos prantos e das provações remissoras!...
 
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos

30 de dez. de 2013

JESUS E OS HOMENS

Espírito: IRMÃO X.

... E o comentarista do Natal rematou a formosa alocução, com esse apontamento significativo:

- Pois e, meus amigos!... Entre os homens e Jesus existem correlações que não será lícito olvidar...

E prosseguiu, sereno:

- Quando se mostram ainda ignorantes de qualquer ensinamento dele, é evidente que a animalidade primitivista lhes prepondera na formação...

- Quando dizem que a história do Senhor é simples balela, conquanto lhe conheçam os fundamentos, desejam tão - só rechaça-lo de suas existências, a fim de que não se vejam incomodados na viciação a que se afeiçoam...

- Quando afirmam que a intimidade do Eterno Benfeitor é privilégio da organização religiosa a que pertençam querem segrega-lo no círculo de seus caprichos estreitos...

- Quando perdem a veneração pelo Arauto das Verdades Eternas é porque fogem de conservar o respeito a sim mesmos, nos compromissos que assumem...

- Quando asseveram que o Cristo é uma criatura vulgar, à feição de qualquer outra que haja passado pelo crivo da Terra, pretendem apresentar a si próprios na suposta condição de pessoas iguais ao Cristo...

- Quando propalam que o Senhor está superado, em suas instruções para a vida espiritual, é que aspiram a inclinar os corações que os ouvem a partilhar-lhes a irresponsabilidade ou a rebeldia...

- Quando se queixam de que o Divino Mestre não lhe atende as petições, é que anseiam quebrar as leis que nos regem, na estulta presunção de se imporem a ele...

- Quando sabem que é Jesus e lhe negam autoridade para comandar-lhes a vida, são menores de espíritos, transitoriamente acomodados no distrito dos preconceitos...

Ante a pausa que se fez natural, abeirou-se um companheiro e inquiriu:

- Caro mentor, podemos conhecer os homens que estejam em caminho certo?

O venerando amigo replicou, sem pestanejar:

- Recordemos as palavras do próprio Mensageiro Angélico, ao dizer-nos, imperturbável: “Se alguém quiser vir após mim, renuncie a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me...”. Os que transitam na estrada real da redenção revelam-se por semelhante atitude, sem embargo da seita a que pertença,...

Observando que as comemorações natalinas estavam prestes a terminar, foi, então, a minha vez de consultar o admirável expositor de doutrina; sobre quem desfechei a derradeira pergunta:

- Professor, como saber, do ponto de vista espiritual, qual é a posição de cada inteligência humana, diante do Enviado de Deus?

O interpelado fixou em mim os olhos sublimes, que pareciam traspassados de raios estelares, e pronunciou a última resposta, que transmito aos que porventura me leiam, à guisa de meditação para o Natal:

- Meu amigo, pergunte a cada homem e a cada mulher do seu caminho o que pensam do Cristo de Deus, e pelas afirmações pessoais que lhes derem, você reconhecerá, de pronto, em que situação íntima se encontra cada um deles, porquanto a nossa opinião individual sobre Nosso Senhor Jesus Cristo denota imediatamente a posição em que nos achamos, no território infinito da Vida Eterna.

LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.

28 de dez. de 2013

NA NOITE DE NATAL


 
Espírito: CÁRMEN CINIRA.

Noite de Paz e amor! Repicam sinos,
Doces, harmoniosos, cristalinos,
Cantando a excelsitude do Natal!...
A estrela de Belém volta, de novo,
A brilhar, ante os júbilos do povo,
Sob a crença imortal.

De cada lar ditoso se erradia
A glória da amizade e da harmonia,
Em festiva oração;
Une-se o noivo à noiva bem-amada,
Beija o filho a mãezinha idolatrada,
O irmão abraça o irmão.

Dentro da noite, há corações ao lume
E há sempre um bolo, em vagas de perfume,
Sob claro dossel...
Em edens fechados de carinho,
De esperança e de mel.

Mas, lá fora, a tristeza continua...
Há quem chora sozinho, em plena ria,
Ao pé da multidão;
Há quem clama piedade e passa ao vento,
Ralado de tortura e sofrimento,
Sem a graça de um pão.

Há quem contempla o céu maravilhoso,
Rogando à morte a bênção do repouso
Em terrível pesar!
Ah! Como é triste a imensa caravana,
Que segue, aflita, sob a treva humana
Sem consolo e sem lar...

Ti, que aceitaste a luz renovadora
Do Rei que se humilhou na manjedoura
Para amar e servir,
Volve o olhar compassivo à senda escura,
Vem amparar os filhos da amargura,
Que não podem sorrir.

Desce do pedestal que te levanta
E estende a mão miraculosa e santa
Ao desalento atroz;
Para unir-nos no Amor, fraternalmente,
Desceu Jesus do Céu Resplandecente
E imolou-se por nós.

Vem medicar quem geme na calçada!...
Oferece à criança abandonada
Um velho cobertor;
Traze a quem sofre a lúcida fatia
Do teu prato de sonho e de alegria,
Temperado de amor.

Visita as chagas negras da mansarda
Onde a miséria súplice te aguarda
Em nome de Jesus,
Há muita criança enferma, quase morta,
Que só pede um sorriso brando à porta,
Para tornar à luz.

Natal!... Prossegues o Mestre, de viagem,
Em vão buscando um quarto de estalagem,
Um ninho pobre, em vão!...
E encontra sempre a cruz, ao fim da estrada,
Por não achar socorro, nem pousada
Em nosso coração.

LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.

25 de dez. de 2013

LOUVOR DO NATAL

Espírito: EMMANUEL.

 

Senhor Jesus!

Quando vieste ao mundo, numerosos conquistadores haviam passado, cimentando reinos de pedra com sangue e lágrimas.

Na retaguarda dos carros de ouro e púrpura com que lhes fulgia as vitórias, alastravam-se, como rastros da morte, a degradação e a pilhagem, a maldição do solo envilecido e o choro das vítimas indefesas.

Levantaram-se, poderosos, em palácios fortificados e faziam leis de baraço e cutelo, para serem, logo após, esquecidos no rol dos carrascos da Humanidade.

Entretanto, Senhor, nasceste nas palhas e permaneceste lembrado para sempre.

Ninguém sabe até hoje quais tenham sido os tratadores de animais que te ofertaram esburacada manta, por leito simples, e ignora-se quem foi o benfeitor que te arrancou ao desconforto da estrebaria para o clima do lar.

Cresceste sem nada pedir que não fosse o culto à verdadeira fraternidade.

Escolheste vilarejos anônimos para a moldura de tua palavra sublime...Buscaste para companheiros de tua obra homens rudes, cujas mãos calejadas não lhes favoreciam os vôos do pensamento. E conversaste com a multidão, sem propaganda condicionada.

No entanto, ninguém conhece o nome das crianças que te pousaram nos joelhos amigos, nem das mãos fatigadas a quem te dirigiste na via pública!

A História, que homenageava Júlio César, discutia Horácio, enaltecia Tibério, comentava Virgílio e admirava Mecenas, não te quis conhecer em pessoa, ao lado de tua revelação, mas o povo te guardou a presença divina e as personagens de tua epopéia chamam-se “o cego Bartimeu”, “o homem de mão mirrada”, “o servo do centurião”, “o mancebo rico”, a “mulher Cananéia”, “o gago de Decápolis”, “a sogra de Pedro”, “Lázaro, o irmão de Marta e Maria”.

Ainda assim, Senhor, sem finanças e sem cobertura política, sem assessores e sem armas, venceste os séculos e estás diante de nós, tão vivo hoje quanto ontem, chamando-nos o espírito ao amor e à humildade que exemplificaste, para que surjam, na Terra, sem dissensão e sem violência, o trabalho e a riqueza, a tranquilidade e a alegria, com bênção de todos.

É por isso que, emocionados, recordando-te a manjedoura, repetimos em prece:

- Salve, Cristo! Os que aspiram a conquistar desde agora, em si mesmos, a luz de teu reino e a força de tua paz, te glorificam e te saúdam!...

 
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos.

 

O IRMÃO DO CAMINHO


Simeão era muito moço ainda
Quando escutou a história de Jesus
E, acendendo esperanças na alma linda,
Inflamou—se de fé, amor e luz...

Morando numa choça da montanha
Junto de antiga estrada, sem vizinho,
Era a bondade numa vida estranha,
O amigo dedicado aos irmãos do caminho.

Lia os ensinamentos do Senhor,
Mas afirmava precisar
De ação que lhe exprimisse o grande amor
Na fé que decidira praticar.

Na pequena morada, pobre e agreste,
Cavou no solo um poço ... Água de mina,
Que ele, olhos em luz e sorriso na face
Oferecia a quem passasse
Por lembrança de paz da Bondade Divina...

Viajores a pé, na vereda escarpada,
Se chegavam ali, no entardecer,
Podiam descansar das fadigas da estrada,
Ouvindo Simeão que os fazia viver
Casos da natureza simples e selvagem
Era a história das aves de viagem
Que paravam por lá, na primavera,
A descrição dos melros e dos ninhos
Que defendiam valorosamente
Os frágeis filhotinhos
A saga do pardal inteligente
Que lhe comia as uvas do quintal
Em seguida, falava aos interlocutores,
Das lições de Jesus, da beleza das flores,
Do Sol no amanhecer e das flautas do vento...
E se alguém lhe indagava de onde vinha
Para a estreita choupana que o detinha,
Explicava, de jeito improvisado,
Que ele fora, ao nascer, um pequeno enjeitado
Às portas de um convento.

 
Crescera trabalhando em lavação de prato,
Mas amava a Jesus, de tal maneira,
Que, homem feito, o mosteiro lhe doara
O recante de mato,
Na montanha empedrada
E os restos da tapera abandonada
Onde ele cultivava uma antiga parreira...

Quando a noite avançava,
O irmão do caminho
Colocando em trabalho a candeia de azeite,
Dava a cada viajante
A tigela de leite
Que provinha das cabras que criava
Mas, não ficava nisso
Fizera Simeão um compromisso:
Recordando Jesus,
Ante os primeiros doze seguidores,
Lavava os pés de todos os viajores;
Logo após, era, enfim, uma prece ligeira
Antes que cada um tomasse a própria esteira.

Simeão alcançara os oitenta janeiros,
Trabalhando e servindo, dia—a—dia,
Sem quaisquer outros companheiros
Que não fossem viajantes
A pedirem pousada, companhia,
Uma noite de paz ou um copo de água fria.

Certa noite chuvosa, escorado a um bordão
De corpo recurvado para o chão,
O estimado velhinho
Sentia—se sozinho ...
De quando em quando, abria a porta,
Podia haver alguém varando a noite fria e morta,
Mas não havia ninguém...

Era Natal ... Quase ninguém saía
Dos recessos do lar
A fim de relembrar
A noite que trouxera o Grande Dia.
 
Antes de recolher—se, Simeão
Meditando em Jesus colocou sobre a mesa
Uma flor lirial da natureza
E depôs sobre ela,
Qual medalha singela,
Uma efígie miúda de criança
Com Jesus pequenino na lembrança...
Em seguida, deitou—se fatigado,
Deixando, a muito custo, o apoio do cajado...
O velhinho velava, ouvindo a voz do vento...
Lá fora, o temporal fizera—se violento.
 
Alta noite, uma voz chamou, baixinho:
— “Simeão, Simeão... Meu irmão do caminho...‘
— “Quem sois vós ?” — respondeu o interpelado.
— “Um peregrino desacompanhado...
Rogo pousada, irmão!” — clamou o forasteiro,
Ergeu—se devagar o cansado hospedeiro.
Fez luz, abriu a porta.
Mas o vento apagou a chama semi—morta.
— “Entrai!...” — disse o velhinho,
— “Agora sei que não estou sozinho.”

 
Acendendo, de novo, a mecha da candeia,
Ante o brando clarão que renasce e se alteia,
Vê o recém—chegado a se acolher num canto...
Era um homem de rosto triste e doce,
Calado qual se fosse
Alguém a ouvir os próprios pensamentos...
Simeão enxergou—lhe os pés sangrentos,
Os cabelos molhados, a tristeza
Fez fogo para dar—lhe o leite quente
E, ao estender—lhe a humílima tigela,
Indagou—lhe o viajor
Por que a flor singela
Que ele notava sobre a mesa em frente?
Simeão respondeu ao peregrino:
— “Estamos no Natal e muitas vezes penso
Que Nossa Mãe do Céu, em seu amor imenso

Era uma flor de Deus, dando à luz um menino...
O homem sorriu sem nada comentar...
O velhinho, entre passos mal firmados,
Sempre movimentando a luz acesa,
Troxe a bacia de água morna e leve
Mergulhando-lhe os pés ensangüentados...
Ao ver-lhe os dedos maltratados,
Disse ao viajor, tomado de surpresa:
— “Quanto sangue verteis!... Como tendes andado!”
Deu—lhe o estranho viajante esta resposta leve:
— “Deus te abençoe, amigo, a assistência bem—vinda!
Creio que devo andar    por muito tempo ainda ! ...”

De joelhos, Simeão,
Em lhe lavando os pés com infinito carinho,
A refletir nas ppedras do caminho,
Ao lhe tocar nas crostas das feridas
A fim de removê-las,
Viu que as chagas abertas
Eram duas estrelas...
O velhinho assombrado
Buscou fitar—lhe as mãos com ternura e respeito
E viu que estavam nelas
Grandes marcas da cruz, luminosas e belas,
Ampliando o fulgor que lhe envolvia o peito ...
Ele grita, chorando de alegria:
— “Jesus!... Sois vós Jesus?! ...”
E o Senhor, levantando as mãos em luz,
Disse, abraçando o ancião:
— “Vem a mim, Simeão,
É chegado o teu dia
De repouso e de luz no Mais Além...”
Simeão esqueceu a velhice e o cansaço...
E pousou a cabeça em seu regaço...

Depois do amanhecer, outros viajantes
Chegaram como dantes,
Pedindo água, descanso, reconforto,
Mas viram que o irmão e irmão do caminho
De joelhos, parado, ali sozinho,
Muito embora sorrisse, estava morto...
 

MARIA DOLORES
(Psicografia de Francisco Cândido Xavier)
Para baixar em ppt:
http://www.4shared.com/office/SodbDV_3/O_IRMO_DO_CAMINHO_2014.html

24 de dez. de 2013

VERSOS DO NATAL

Espírito: CÁRMEN CINIRA.

 
Enquanto a glória do Natal se expande
Na alegria que explode e tumultua,
Lembra o Divino Amigo, além, na rua...
E repara a miséria escura e grande.

Aqui, reina o Palácio do Capricho
Que a louvores e júbilos se entrega,
Onde a prece ao Senhor é surda e cega
E onde o pão apodrece sobre o lixo.

Ali, ergue-se a Casa da Ventura,
Que guarda a fé por fúlgido tesouro,
Onde a imagem do Cristo, em prata e ouro,
Dorme trancada em cárceres de usura.

Além, é o Ninho da Felicidade
Que recorda Belém, cantando à mesa,
Mas, de portas cerradas à tristeza
Dos que choram de dor e de saudade.

Mais além clamam sinos com voz pura:
- “Jesus nasceu!” – É o Templo dos Felizes
Que não se voltam para as cicatrizes...
Dos que gemem nas chagas de amargura...

Adiante, o Presépio erguido em trono
Louva o Rei Pequenino e Solitário,
Olvidando os herdeiros do Calvário
Sobre as cinzas dos catres de abandono.

De quando em quando, o Mestre, em companhia
Daqueles que padecem sede e fome,
Bate ao portal que lhe relembra o nome,
Mas em respostas encontra a noite fria.

E quem contemple a Terra que se ufana,
Ante o doce esplendor do Eterno Amigo,
Divisará, de novo, o quadro antigo:
- Cristo esmolando asilo na alma humana.

Natal!... O mundo é todo um lar festivo!...
Claros guisos no ar vibram em bando...
E Jesus continua procurando
A humildade manjedoura do amor vivo.

Natal! Eis a Divina Redenção!...
Regozija-te e canta renovação,
Mas não negues ao Mestre desprezado
A estalagem do próprio coração.
 
LIVRO ANTOLOGIA MEDIÚNICA DO NATAL - Psicografia: Francisco Cândido Xavier - Espíritos Diversos