Quando a teologia se reporta ao diabo, o crente imagina, de imediato, o senhor absoluto do mal, dominando num inferno sem-fim.
Na concepção do aprendiz, a região amaldiçoa¬da localiza-se em esfera distante, no seio de tormentosas trevas...
Sim, as zonas purgatoriais são inúmeras e sombrias, terríveis e dolorosas, entretanto, consoante a afirmativa do próprio Jesus, o diabo partilhava os serviços apostólicos, permanecia junto dos aprendizes e um deles se constituíra em representação do pró¬prio gênio infernal. Basta isto para que nos informemos de que o termo “diabo” não indicava, no conceito do Mestre, um gigante de perversidade, poderoso e eterno, no espaço e no tempo. Designa o próprio homem, quando algemado às torpitudes do sentimento inferior.
Daí concluirmos que cada criatura humana apresenta certa percentagem de expressão diabólica na parte inferior da personalidade.
Satanás simbolizará então a força contrária ao bem.
Quando o homem o descobre, no vasto mundo de si mesmo, compreende o mal, dá-lhe combate, evita o inferno íntimo e desenvolve as qualidades divinas que o elevam à espiritualidade superior.
Grandes multidões mergulham em desesperas seculares, porque não conseguiram ainda identificar semelhante verdade.
E, comentando esta passagem de João, somos compelidos a ponderar: — “Se, entre os doze apóstolos, um havia que se convertera em diabo, não obstante a missão divina do círculo que se destinava à transformação do mundo, quantos existirão em cada grupo de homens comuns na Terra?”
EMMANUEL - Psicografado por Francisco Cândido Xavier.
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